Visitando as raízes, parte 4

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Dando continuidade à nossa viagem no tempo.

Aproveite a viagem proposta por Indianapolis Jones para continuar comparando a temporada de 1964 com as da atual formula 1,5 litros.

Menos de duas semanas depois da vitória de Hill no Principado, o circo desembarca em Zandvoort, na Holanda, para a segunda prova oficial do ano.

Desfalcada dos BRP, devido à falta de peças. Como compensação Rob Walker inscreveu um Brabham para Jo Bonnier e o holandês Carel Godin de Beaufort o seu velho Porsche 718 pintado de laranja, completando um grid de 17 carros.

Na classificação Dan Gurney mostra seu talento dando à equipe Brabham a primeira pole de sua história. A seu lado irão alinhar Jim Clark e Graham Hill.

Indy Jones: lembre-se que naquela época as filas era compostas por três carros, a segunda por dois, a terceira três e assim por diante.

Na segunda fila largariam John Surtees e Bruce McLaren (Cooper-Climax), na terceira fila o segundo Lotus de Peter Arundell, o segundo Brabham de Jack Brabham e o segundo BRM de  Richie Ginther. Fechando o “top ten” estavam o segundo Cooper-Climax de Phil Hill e o segundo Ferrari de Lorenzo Bandini.

O sul-africano Tony Maggs capotou com seu BRM da Scuderia Centro Sud nos treinos. Apesar de ter saído ileso, seu carro não pode ser recuperado a tempo e assim não alinhou.

Na largada Clark leva a melhor sobre Hill e Gurney, com Arundell em quarto, se mostrando bom de largada, Surtees em quinto. Big John se encarrega da geração de emoções e vai passando seus adversários até chegar à segunda posição na volta 22. Nessa altura, Jim Clark estava completamente fora do alcance e John não tem mais nada a fazer do que consolidar essa posição.

Gurney tem o volante do seu Brabham quebrado e abandona, entregando o terceiro lugar a Graham, que tratava de se defender dos ataques de Arundell.

Na metade da prova, o motor do BRM começa a falhar e ele gradualmente perde contato com os lideres até finalmente ceder o terceiro lugar na volta 47 para o segundo piloto da Lotus.

Com Jim e John consolidados na primeira e segunda posição Peter Arundell consegue seu primeiro pódio, logo na sua terceira corrida oficial na Formula 1, mostrando que o faro de Chapman para descobrir novos talentos está em forma.

A diferença de Clark para Surtees foi de quase um minuto e sobre Peter uma volta.

Um exemplo icônico de como sua tática de andar o mais rápido possível no início, abrindo distância confortável dos colegas, para depois fazer uma corrida de regularidade, velocidade de cruzeiro, era eficaz. Nos restantes lugares ficaram Graham, o jovem neozelandês Chris Amon, obtendo os primeiros pontos da sua carreira, e Bob Anderson, num Brabham particular.

McLaren e Phill Hill chegam fora da zona de pontos, que na época ia até o sexto lugar. Compreensível, em um grid de 17 carros, com quebras frequentes.

Jack Brabham e Bandini abandonaram, ambos com problemas de ignição.

Pouco menos de 20 dias depois é a vez de Spa-Francorchamps.

A BRP reaparece com seus dois carros, para Innes Ireland e Trevor Taylor.

O piloto local Andre Pillette foi inscrito com um Scirocco-Climax.

Novamente Gurney faz a pole, seguido por Graham e o chefe Jack B.

Na segunda fila o surpreendente Peter Arundell  e John. Na terceira, Jim, McLaren e Ginther. A seguir vinham Bandini e Peter Revson, causando boa impressão com a Lotus-BRM da Parnell.

A Lotus levou o modelo 33, uma evolução do 25, especialmente em termos de suspensão e eixos, reprojetados para calçar novos pneus, agora mais largos, para estrear. Esse carro tinha sido reconstruído após o acidente de Aintree mas não desempenhou como se esperava e Clark teve que correr com o 25.

Peter Arundell mais uma vez larga esplendidamente e toma a liderança, mas no final da primeira volta Clark, Gurney e Surtees já estão na sua frente. Na segunda volta, o inglês da Ferrari leva a melhor sobre o americano da Brabham, e Graham Hill também encontra o caminho para deslocar Arundell do quarto lugar. Essa interessante batalha no pelotão dianteiro infelizmente dura pouco, porque Surtees começa a ter problemas de motor e vai ficando para trás. Gurney assume a liderança, seguido por Clark e Hill, com Bruce McLaren, no seu Cooper, em quarto lugar, à frente de Arundell e Jack Brabham.

Dan vai ampliando a distância para Jim, este para Graham e este para Bruce. Aparentemente tudo tranquilo, até que fantasmas começam a aparecer.

Faltando 4 voltas, Clark é obrigado a parar nos boxes para se abastecer de água, por risco de superaquecimento. Gurney é obrigado a parar nos boxes para abastecer de combustível, por risco de pane seca.

Graham Hill e McLaren assumem primeiro e segundo lugares.

Mas a Brabham não está preparada para por combustível e Gurney parte de novo, sem alternativa. Melhor arriscar a pane seca do que ficar parado. Na volta 31 Hill continuava liderando mas com problemas na bomba de combustível. Logo a seguir vinha McLaren, mas seu motor também não funcionava bem. Mas nessa volta final, que só um roteirista de cinema talentoso poderia imaginar, tudo acontece: Gurney passa McLaren mas em seguida acaba a gasolina do seu Brabham e ele pára. Graham assume a ponta mas logo em seguida a bomba de combustível entrega os pontos. Bruce herda a liderança mas, com o motor funcionando mal, Clark vai se aproximando rapidamente.

Pouco antes da La Source o motor de McLaren finalmente falece. Ele consegue contornar o grampo e passa a se arrastar até à meta. Jim vem com tudo que tem direito. O escocês consegue passar o neozelandês nos últimos metros.

Jack fecha o pódio. Em quarto chega Ginther. Graham e Gurney pontuam a seguir, mesmo abandonando.

Detalhe: Clark fica sem combustível na volta de desaceleração.

Peter Arundell cumpre apenas 28 voltas.

As duas Ferrari ficaram pelo caminho com problemas de motor, assim como Phill Hill, com a outra Cooper-Climax.

Indy: Alguém aí disse que o único piloto que Jim Clark temia era Dan Gurney?

O GP seguinte é o da França, dia 28 de junho, voltando a Rouen Les Essarts.

Nesse momento a batalha pela liderança era claramente entre Jim e Dan.

Desta vez foi o escocês quem obteve a pole, com o americano em seguida. Fechando a fila dianteira, John. Na segunda Arundell e Jack.

As BRM não mantiveram o pique na classificação e Graham iniciou a terceira fila, secundado por Bruce e Lorenzo.

Como não houve treino no sábado, Mike Hailwood pode se ausentar para correr (e vencer) o Dutch TT em Assen, mostrando sua maestria sobre duas rodas.

Até aí ótimo, mas uma greve de aeronautas nessa noite impediu que ele pudesse voltar de avião. A solução foi guiar a noite toda, o que obviamente não é o ideal.

Jim largou na frente, com Dan e John em seus escapamentos.

McLaren se encarregou de criar emoção na plateia rodando na primeira volta, no fundo do grid. Na terceira volta John voltou a ter problemas em sua Ferrari, desta vez um duto de óleo rachado. Graham rodou e assim a briga na frente ficou entre Jim e Dan, com o chefe Brabham passando para um distante terceiro posto.

Graham se recuperou da rodada e assumiu a 4a. posição na volta 24. Na volta 31 o motor de Jim o deixa a mão. Brabham continua longe e agora está na alça de mira de Graham, que o passa na volta 37. Jack não se dá por vencido e combate até a volta final, cruzando a linha a menos de 1 segundo do britânico. Na época uma diferença minúscula.

Não teria grandes motivos para reclamar: Gurney tinha obtido a primeira vitória para a escuderia que levava seu nome.

Peter Arundell em quarto, Ginther e McLaren fecham a zona de pontuação.

A seguir vieram Phill Hill, Hailwood, Bandini e Amon.

John tinha parado cedo, portanto as Ferrari estavam devendo.

Indy: Diante desse resultado, nada mais lógico apostar que o campeão estaria entre Jim e Dan, certo?

Veja no mês que vem como continua essa temporada.

Abraços,
Chiesa

Carlos Chiesa
Carlos Chiesa
Publicitário, criou campanhas para VW, Ford e Fiat. Ganhou inúmeros prêmios nessa atividade, inclusive 2 Grand Prix. Acompanha F1 desde os primeiros sucessos do Emerson Fittipaldi.

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