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Sobre todas as coisas
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UMA CERTEZA, DEZ PALPITES
31/01/2005

MUNDO ANIMAL

– Por Manuel Blanco

Grandes ou pequenos, dóceis ou agressivos, lentos ou velozes, etc. Animais das mais diversas características compartilham conosco este planeta que chamamos Terra. Em todos eles, há algo que nos atrai e fascina. Alguns já foram até adorados como deuses. Outros… temidos como demônios.

Em todas as culturas e desde tempos remotos, existe abundante simbologia alegórica dos mais diversos animais. Fosse por superstição, religião ou simples admiração, a imagem de algum animal sempre foi exaltada pelo homem nas mais diversas manifestações artísticas ao longo dos anos.

Nossa admiração por eles é tão grande que seguimos usufruindo a sua imagem e as suas características quando queremos destacar algo ou alguém, e isto acontece com muita freqüência no automobilismo em geral e na Fórmula 1 em particular.

Qualidades como velocidade, agilidade, vigor, etc., são ressaltadas por meio de algum animal que claramente seja reconhecido por tê-las, e a sua imagem passa a representar a marca/equipe ou piloto em questão, convertendo-se no seu símbolo instransferível. Sejam animais reais ou imaginários, os exemplos da utilização da sua imagem sao abundantes e a todos já resultam familiares.

O cavalo, este nobre companheiro que tanto ajudou o homem ao longo da história, é sem dúvida, o animal mais intimamente relacionado com o automobilismo. Até a potência dos motores é representada no equivalente à força deste querido eqüino. Inclusive, em três das mais famosas marcas de automóveis esportivos de luxo de todos os tempos, pode-se ver a imagem de um cavalo em seus escudos representativos. A Ferrari é até conhecida como a escuderia do “cavallino rampante”. A Porsche também exibe um cavalo na mesma atitude em seu emblema corporativo, e nos anos 40/50 outra marca de esportivos de luxo, a espanhola Pegaso, também tinha como símbolo um cavalo – coisa nada estranha pois Pegaso era o cavalo de Zeus, segundo a mitologia grega. Em 1954, a Pegaso tentou competir na F 1 e inscreveu-se para participar no GP da Espanha mas, por falta de recursos e de apoio, o carro que deviam construir nunca viu a luz e o projeto acabou sendo abandonado. O fabricante de pneus alemão Continental, que esteve presente na F1 durante um tempo, também tem um cavalo no seu escudo.

Outros animais muito presentes na simbologia automobilística são os felinos. A sua astúcia, agilidade, vigor e velocidade resultam em qualidades perfeitas a seram destacadas e vários sao os “gatos” que podemos encontrar nas corridas de automóveis. O mais comum deles é o leão, que adorna os escudos da Minardi e, antes, também o da ATS (neste caso é um leão alado). Leão era o apelido de Nigel Mansell, pela sua agressividade ao volante. Até há bem pouco tempo, também tivemos a Jaguar mas, neste caso, o felino parecia bastante domesticado, pois a equipe não exibiu nenhum dos atributos próprios do animal e acabou “fugindo com o rabo entre as pernas”.

Mas a presença de felinos não está restrita à F 1. Em outras categorias também há e houve gatos. Em Le Mans, tivemos as equipes Cheetah e Cougar, além da argentina De Tomaso, que participava com seu modelo Pantera. A USAC americana teve o Wildcat (gato selvagem), e no mundodos ralis temos o leão da Peugeot, cujos motores tiveram uma passagem pela F 1. Leão tambem é o símbolo da petrolifera italiana Agip mas, numa versão quimérica. Para acabar com os felinos, vale recordar que Lella Lombardi era popular e carinhosamente conhecida como “tigresa”.

Não há dúvida que os felinos são predadores magníficos e ideais para representar a competição automobilística. Mas não são os únicos: também tivemos o lobo que dava nome à equipe Wolf (lobo em inglês). Um lobo também aparecia no escudo da equipe Coloni e, na USAC, tivemos a equipe Coyote (parente do lobo), do admirado piloto A. J. Foyt.

De volta à F 1 mas sem abandonar os predadores, tivemos as serpentes da Alfa Romeo e da Brabham que, durante alguns anos, chegaram a ser bastante venenosas. Outro predador temível é o crocodilo que representava a equipe Tecno, presente na F1 no principio dos anos 70 mas, que nao chegou a causar nenhum medo.

Outros predadores foram o escorpião da escuderia italiana Abarth, cujo ferrao devia estar atrofiado pois, no fim dos anos 60, Carlo Abarth tentou participar da F 1 mas não conseguiu reunir recursos suficientes. E o dragão dava nome à equipe Dragon no campeonato USAC.

Também tivemos outros animais muito representativos pelas suas caracteristicas: o touro da Lamborghini e o carneiro que dava nome à equipe RAM (carneiro em inglês); o inseto (vespa?) da Stebro, pequena equipe canadense que tentou a aventura de participar no GP dos EUA em 1963. Mas os tempos registrados nos treinamentos foram tão ridículos que decidiram abandonar a idéia.

No que se refere a pilotos, além do leão Mansell e da tigresa Lombardi, tivemos Vittorio Brambilla, conhecido como “Gorila” pelo seu estilo brusco de pilotar. Denny Hulme era conhecido como “Urso” pelo caráter carrancudo, e Emerson Fittipaldi era o “Rato”.

Como podem ver, há mamíferos de várias famílias, insetos e invertebrados. Porém, ainda faltam os pássaros, que não foram nada escassos. Neste quesito, os carros da equipe Fittipaldi eram autênticas “gaiolas de competição”, pois ali estavam os beija-flor da Copersucar e o papagaio da Glasurit, um dos patrocinadores complementares.

No terreno da mitologia, tivemos o Grifo. Animal imaginário com corpo de leão e cabeça e asas de águia. Grifo foi o nome de uma equipe participante em Le Mans e também é o simbolo da marca sueca SAAB, famosa por construir carros com alta tecnologia, segurança e confiabilidade. Em meados dos anos 70, precisamente para demonstrar essas qualidades, a SAAB participava no campeonato de ralis com carros praticamente de série e, em 1979 inclusive vence o Rai da Suécia com seu mítico modelo 900 com turbocompressor. Aquela foi a primeira vitória de um carro com motor deste tipo na história do campeonato.

Porém, se grifo é uma águia quimérica, outras eram reais: tivemos a equipe Eagle de Dan Gurney nos anos 60, que tentou voltar à F 1 nos anos 70. Na USAC, as vitórias dos Eagle-Offenhauser eram habituais. Uma águia também presidia o escudo da mítica equipe britânica BRM, e asas de águia aparecem nos escudos das não menos míticas marcas Bentley, vencedora em Le Mans, e Aston Martin, que por duas vezes tentou uma incursão na F 1.

Uma asa também aparece no escudo da Goodyear mas neste caso parece uma alusao a Mercúrio, o mensageiro dos deuses. Asas também aparecem na marca de relógios Longines – coisa muito lógica pois dizem que “o tempo voa”. A Longines foi a primeira cronometradora oficial da F1, antes de que tal honra fosse dada à Heuer (deveríamos dizer “vendida”, pois o tio Bernie não é dos que dão nada).
Por último, e para completar o zoológico, temos a concha da petrolífera Shell (concha em inglês), e tivemos o dromedário dos cigarros Camel.

Tambem temos outros animais perfeitamente identificáveis mas, que por discrição ou até medo, as suas qualidades não são diretamente atribuídas a ninguém. Porém, acho que todos os reconhecemos sem problemas: sao as víboras, abutres, hienas, burros, etc. e que tanto abundam na F 1.

Enfim, parece que todo o reino animal está muito bem representado no automobilismo. E o deus Fauno, certamente, deve estar muito satisfeito.

Manuel Blanco
GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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