A hora da virada

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Chegamos a mais um GP da Espanha, marcando o início da "temporada europeia". Teremos surpresas ou a hegemonia da Mercedes continuará?

Depois de três longas semanas de intervalo a Fórmula 1 volta a se reunir para mais uma corrida do campeonato mundial de 2014. Um longo intervalo, um martírio para os fãs, mas depois de tanto sofrimento vem a recompensa de termos uma corrida novamente em solo europeu, com horário “padrão” e sem madrugadas acordado. Para os brasileiros esse intervalo ainda teve a lembrança dos 20 anos da morte de Ayrton Senna e toda série de homenagens.

A Fórmula 1 desembarca na Espanha, tradicional circuito da Catalunha para nos oferecer algumas respostas dessa temporada que pinta em cores fortes o domínio da Mercedes. Mas será que esse domínio ser decisivo para levar uma temporada tediosa até o final? Será que ao menos a briga interna dos pilotos nos garante algumas emoções?

Tudo isso começa a ser respondido na sexta-feira. Circuito conhecido pelas equipes, tradicional no calendário e a hora exata de todos os times buscarem suas atualizações. Quem evoluiu mais?

Desde 51 a Espanha recebe uma prova de F1. Foram 42 dias edições até o dia de hoje e algumas ausências. Lá no começo da F1 em 1951 e 1954 o circo foi armado nas ruas de Barcelona, no circuito de Pedralbes. Uma pista de rua, bastante simples, que teve vitórias de Fangio e Mike Hawthorn, respectivamente. Eram provas longas, e a vitória de Hawthorn levou mais de 3 horas para se concretizar. Depois disso a F1 estreou um revezamento entre o circuito permanente de Jarama (nos arredores de Madri) e o circuito de rua de Montjuich (nos arredores de Barcelona). Esse revezamento foi curto. Jarama teve provas em 1970, 1972, 1974 e 1976. Montjuich ficou com os anos de 1969, 1971, 1973 e 1975. Depois disso, de 1976 até 1980, todas as provas foram em Jarama. A F1 cresceu e se mudou, depois de 5 anos sem GP da Espanha, para desembarcar em 1986 no circuito de Jerez em Jerez de La Frontera. Foram só 5 provas. Em 1991 a F1 voltava para a região de Barcelona no novíssimo circuito da Catalunya.

Chegando em Barcelona a F1 não mais saiu dali. Já foram 23 edições consecutivas e mais milhares de quilômetros em testes de pré-temporada. Gostando do circuito ou não, suas corridas não sendo tão emocionantes como gostaríamos, o circuito é um clássico da Formula 1.

Curiosamente, nesse ano de grandes mudanças no regulamento técnico a F1 não pousou nenhum dia em Barcelona para os seus testes de inverno. A pista mais conhecida por pilotos, engenheiros, mecânicos, simuladores e algorítimos de computador ainda não conheceu o potencial dos carros de 2014. É um cenário curioso e os engenheiros estão esperançosos. Eles sabem que mesmo nunca tendo andando nessa pista com esses carros eles tem parâmetros e computadores super bem calibrados para suas simulações.

O circuito espanhol é a referência para as equipes na temporada. Tem uma grande reta. Curvas de baixa e uma longa curva de alta, a curva 3, que põe grande pressão sobre os pneus. Sem medo de cair no lugar-comum, quem se der bem em Barcelona tem grandes chances de ter um bom restante de temporada.

Nesse intervalo de corridas o GPTotal apresentou um série de colunas inéditas e exclusivas sobre Ayrton Senna em homenagem aos 20 anos de seu falecimento. Se você não viu, confira nos links abaixo!

“O Combate contra Prost”, de Eduardo Correa
“A geração que não viu”, de Flaviz Guerra
“O perfil descendente”, de Márcio Madeira
“Because it’s there!”, de Manuel Blanco
“The turning point”, de Marcel Pilatti
“Enigma e chuva”, de Carlos Chiesa
“A maturidade de Senna”, de Lucas Giavoni
“Senna e a bandeira”, de Alessandra Alves

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httpv://youtu.be/2e2fh7ad6Ec

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Com três semanas de intervalo, proximidade das fábricas, experiencia acumulada em 4 provas já disputadas e conhecimento pleno da pista, todas as equipes chegam a Barcelona com carros revisados em todas as áreas. Softwares de motor, aerodinâmica e e mecânica aprimoradas. A questão é, quem trouxe mais décimos de segundo para o carro?

Sem carros na pista e até a classificação, tudo não passa de jogo de cena, psicologia pura. Todos os chefes de equipe deram declarações fortes transferindo responsabilidades e delimitando seus espaços.

No papel todos consideram a Espanha com uma pista “da Red Bull”. A pista onde os carros do senhor Newey tem tudo para brilhar. Mas a turma da F1 parece que sofre de memória curta. O vencedor do ano passado foi Fernando Alonso e os RBR ficaram fora do pódio. E qual foi o resultado da temporada senão um massacre da Red Bull?

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Depois da corrida a F1 faz mais dois dias de testes em Barcelona. Nesse teste a Mercedes vai testar um novo escapamento.

O objetivo?

Fazer um barulho maior para a platéia. O novo escapamento deverá funcionar como um megafone, dizem os técnicos.

Que fase, F1!

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Na turma da Mercedes, chegou a hora da verdade. A equipe quer provar que o carro é bom de verdade e vai ditar o ritmo da temporada toda. Não foi sorte, não foi casualidade. a Mercedes vem para Barcelona para publicar um “Manifesto”: trabalhamos melhor que vocês e a temporada de 2014 é nossa! Rosberg precisa ganhar “momento” como ele mesmo diz e ganhar uma prova com Hamilton na pista. Já no box de Hamilton, uma vitória bem aplicada pode ser um duro golpe em seu colega e colocá-lo no rumo do bi-campeonato.

Fernando Alonso não acredita nem em pódio em Barcelona. A Mercedes já disse que só teme a Ferrari e somente ela em 2014. Alguma coisa está errada nas avaliações, não? Inclusive Alonso ficou envaidecido pela citação da Mercedes, mas falou que sem provas na pista, não consegue agradecer a apreciação do concorrente.

A turminha da Red Bull vem animada. Vettel ganhou um chassi novo e a Renault atualizou todo o software do motor e sua integração com os sistemas de recuperação de energia. Ricciardo quer manter o respeito que ganhou batendo Vettel no começo do ano. Horner, o chefão, quer ver o carro andar em reta. Na china eles andaram 22 km/h mais lentos que a Mercedes. Coisa boba, em uma reta perdiam 100 metros. Certamente é uma grande aposta para brigar com a Mercedes nessa corrida.

O time inglês da Williams é o time que mais evoluiu da temporada de 2013 para essa. Junto com a Mercedes forma a única dupla de fabricantes que tem um tempo de volta médio mais baixo em relação aos líderes que no último ano. Mas o ano passado da Williams foi uma desgraça e todo esse avanço ainda não significa que o time briga por pódios e vitória. Disse no começo do ano que a Williams vem na briga por bons resultados em um projeto de longo prazo, pra pensar em vitórias consistentes em 2, 3 anos, e parece que esse cenário se confirma. Massa veio a publico dizer que pela primeira vez ele vai pra pista confiante que as peças novas testadas no tunel de vento vão funcionar. Ele não tinha esse luxo na Ferrari e confessou que em 2013 nenhuma peça nova introduzida na sua Ferrari funcionou como esperado na primeira tentativa. Bo77as também saiu de sua garagem para agradecer o novo staff técnico do time. Com 3 anos de casa ele nunca tinha visto a equipe trabalhar tão bem. É animador! E mesmo na briga pelo 5º e 6º lugares, o time tem motivos pra comemorar.

A McLaren vem coletando dndos para Honda fazer um bom motor para 2015 e só. O carro é uma boa base para o próximo ano e o único que precisa se preocupar é Button que não tem assento garantido para 2015. Para esse ano, vai ficar na briga intermediária e está tudo certo.

O time de Enstone é o que carrega maior expectativa. Com o começo de temporada desastroso e com um carro que não funcionava a Lotus tem tudo para ser o maior salto de qualidade nessa prova. Atualmente eles são o pior time em perda de desempenho em relação a 2013. É hora de mostrar que com o carro funcionando, a base é realmente boa!

Na turminha do meio o destaque a sólida Force India. Grande carro, pequeno orçamento. Deixou pra trás Sauber, Toro Rosso, Williams e em algumas provas a McLaren. É legal saber que o time indiano não era só uma aventura. Já o time da Toro Rosso é o único que não promete milagres pra Barcelona. Já mandou avisar que o carro será completamente revisto nas próximas 4 corridas. Cada uma com um pacote diferente. É aguardar pra ver!

E na turma do fundão? Marussia é um time que evoluiu muito em relação a 2013. Pena que seu ritmo era muito ruim e isso não se transformou em uma briga por pontos. Mas é interessante notar que o time continua a crescer, só precisa ver se terá dinheiro para a temporada toda, não custa lembrar que a fabricante de carros esportivos Marussia, faliu. Mesma situação da Caterham, que tem que provar ao mundo que não errou a mão no seu carro revolucionário.

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Circuito: Circuit de Barcelona-Catalunya
Voltas: 66
Comprimento: 4.655 km
Distância: 307.104 km
Recorde da Pista: 1:21.670 – K Raikkonen (2008)

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Programação
Sexta-Feira: 5h00 – 1º treino livre e 9h00 – 2º treino livre
Sábado: 6h – 3º treino livre e 9h – Classificação
Domingo: 9h – Corrida

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A maior ansiedade para essa corrida é saber onde as equipes conseguiram evoluir para combater as Mercedes. Sabemos que o pelotão atrás dos alemães é compacto e competitivo, mas pra ficar bacana de verdade é preciso trazer esse pelotão próximo aos prateados.

Se isso não acontecer em Barcelona, o primeiro semestre vai ser da Mercedes, só havendo espaço para recuperação depois da pausa de verão. Aí, pode ser tarde demais para alguém querer disputar o título que estará nas mãos de Hamilton ou Rosberg.

Boa corrida para todos nós!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

1 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Olá Amigos!

    Eu particularmente gostava mais da pista de Barcelona quando tinha as duas curvas de alta na entrada do retão, mas…

    E vamos ver o que acontecerá, e seria muito bom se os dois pilotos da Mercedes se enrosca-se e tivéssemos uma nova equipe vencendo.

    Um excelente GP a todos!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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