Discreto, mas extraordinário.
Próximo dos 49 anos da sua morte, o inglês Graham Hill segue sendo um dos maiores pilotos de todos os tempos. Dois Mundiais na Fórmula 1, uma vitória em Indy, outra em Le Mans – único humano a conseguir tal feito –, uma carreira especialmente longeva, entre 58 e 75, num total de 175 GPs, marca recorde entre os pilotos da velha guarda, numa época em que havia poucos GPs por temporada. E se se somar a estes GPs outras 75 corridas de F1 não válidas para o Mundial, Hill se torna o 13º com mais corridas de F1 disputadas – às quais sobreviveu, fato igualmente notável! E nem falamos ainda das cinco vitórias em Mônaco, marca só superada por Ayrton Senna e igualada por Michael Schumacher. Nada mal para quem só obteve uma habilitação para dirigir nas ruas aos 24 anos.
A seguir, na mesma linha do que fiz em relação a Denny Hulme (https://gptotal.com.br/foto-legendas-os-f1-de-denny-hulme/), relembro os F1 pilotados por Hill.
1958 + 1959
As duas primeiras temporadas de Hill no Mundial da F1 não poderiam ser mais discretas. Estreando no GP de Mônaco de 58 – também o primeiro da história da Lotus –, Hill alinhou ao lado de gente como Juan Manuel Fangio, Mike Hawthorn e Stirling Moss. Foram quinze GPs nas duas temporadas, os três primeiros com o Lotus 12 (foto acima), os demais com o modelo 16 (foto abaixo), abandonando em todos, menos quatro, nos quais não pontuou. Também não se destacou nos treinos de classificações.
Hill havia iniciado no automobilismo em 54. Nos anos seguintes juntou-se a Colin Chapman. Os Lotus pilotados por Hill nas duas temporadas foram os primeiros F1 criados por Chapman e, comparados aos carros da época, já tinha uma certa elegância.
As vitórias da Lotus estavam no futuro. Em 58, o companheiro de Hill, Cliff Allison, conseguiu um 4º lugar em Spa, e foi tudo o que a Lotus somou naquele ano. Em 59, Innes Ireland, um dos companheiros de Hill na equipe, soma apenas cinco pontos.
1960 + 1961
Hill passa à BRM na temporada 60. A equipe, que fazia seus próprios motores, seguia uma trajetória semelhante à da Lotus, mas já tendo conseguido uma vitória em 59, com Jo Bonnier, na Holanda. Em 60, Hill abandonaria nos dois primeiros GPs, pilotando na abertura da temporada, na Argentina, o robusto, mas elegante, modelo P25 (foto acima), até subir ao pódio, com o 3º lugar na Holanda, pilotando o modelo 48 (foto abaixo, destacando o freio a disco inserido na caixa de câmbio), o primeiro F1 da BRM com motor traseiro. Nos cinco GPs seguintes, só abandonos.
Em 61, com o modelo P48/57 (abaixo), equipado com motores Climax, pouco a declarar: apenas três pontos somados por Hill.
1962 + 1963
De repente, tudo se encaixa. Com o BRM P57 (foto acima), Hill se torna um protagonista, batendo ninguém menos que Jim Clark e a Lotus na luta pelo Mundial. Hill ganha a primeira prova do ano, na Holanda, e depois em Nurburgring, Monza e na África do Sul, chegando em 2º em Spa e Watkins Glen e abandonando em apenas dois GPs. Nas classificações, ele marca uma pole e larga seis vezes em 2º.
Enquanto isso, Clark ganha três GPs e disputava a corrida final na liderança quando um parafuso se solta no motor do seu Lotus, que começa a perder óleo até abandonar, a vinte voltas do final. Hill, correndo em 2º, herda a liderança, mas vale lembrar que já largara com o título garantido.
Na temporada 63, Hill segue protagonista, terminando o Mundial em 2º, mas não tem forças, nem ele nem a BRM, para se opor a Clark e à obra de arte chamada Lotus 25. Em nove participações na temporada, Clark vence sete, tendo de descartar uma vitória na pontuação – já que naquela altura só contavam os seis melhores resultados –, sem contar um 2º e um 3º.
Para Hill e seu BRM P57, restam duas vitórias – Mônaco e Watkins Glen – além de duas poles. Durante o ano, ele usou em duas corridas o modelo P61 (foto abaixo).
1964 + 1965 + 1966
Em 64, Hill e BRM conseguem novo vice-campeonato, tendo perdido o título na corrida final, no México, uma das mais eletrizantes da história da F1, uma história já contada aqui no Gpto. Hill corria para o título (estava em 3º, bastando a ele pontuar) quando foi abalroado de maneira tosca por Lorenzo Bandini, companheiro de equipe na Ferrari de John Surtees, que tinha chance de título, que se tornou uma realidade com o abandono de Clark nas voltas finais.
65: Hill é vice-campeão de novo, mas distante de Clark, em outro ano de domínio tirânico, a bordo de outra obra de arte, denominada Lotus 33.
Em 66, Hill vence a Indy 500, a bordo de um Lola Ford (foto acima), mas, na F1, seus resultados são mais modestos: nenhuma vitória, apenas três pódios, 5º colocado no final do ano, depois de uma temporada atípica pela mudança de regulamento de motores.
Nas três temporadas, total de 29 GPs, Hill pilotou o BRM P261 (foto acima) em 26 deles, conseguindo quatro vitórias, duas em 64, duas em 65, além de seis 2os lugares mais cinco poles. Nos outros três GPs, os últimos da temporada 66, ele usou o BRM P83 (foto no alto desta coluna), equipado com o notório motor de 16 cilindros, umas das piores ideias já vistas na F1.
É a temporada de despedida de Hill da BRM. Em 67, ele volta à Lotus, encarando a competição direta com o maior piloto da época, Jim Clark, e tendo o desafio de acertar o motor Ford Cosworth. Sobre isso, falamos em nosso próximo encontro.
Abraços
Edu
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2 Comments
Seus textos são sempre magníficos Eduardo!
Hill, sempre foi um dos maiores!
Percebo que Piquet, Brabham e
Graham Hill, tem seus feitos sempre
sub-valorizados!
Graham Hill na minha lista pessoal,
está no top five!
Edu,
G. Hill merecia uma fotos legendas …
Como sempre belas fotos … e história bem contada …
Vamos aguardar a parte 2 …
Fernando Marques
Niterói RJ