O encontro entre McLaren e Honda por cinco temporadas a partir de 88 produziu uma das combinações mais vitoriosas da história do automobilismo: 80 GPs, 44 vitórias, 53 poles, quatro Mundiais de Pilotos e Construtores e mais um vice. Ayrton Senna, um dos grandes responsáveis pela aproximação entre ingleses e japoneses (veja aqui https://gptotal.com.br/senna-a-entrevista-3/ e aqui https://gptotal.com.br/senna-a-entrevista-4/), ganhou 40 GPs e três Mundiais e marcou 45 poles.
A seguir um registro em fotos e breves informações desses anos extraordinários e a triste coda que se sucedeu a eles.
Nossa visita aos F1 de Senna começou aqui: https://gptotal.com.br/foto-legendas-os-f1-de-senna-1/
1988
McLaren MP4/4 (fotos acima)!
Um carro fantástico, lindíssimo, forte, vitorioso, equipado com o motor Honda V6 turbo. Nos 16 GPs da temporada, foram 15 vitórias – a 16ª perdida em Monza numa circunstância que só os deuses do esporte podem explicar – e doze dobradinhas na primeira fila.
Correndo com Alain Prost, Senna esteve à vontade com o carro desde a primeira corrida, mas nunca dominou o francês, que marcou mais pontos que ele, tendo perdido o Mundial apenas pelo critério de descartes.
Senna obteve com o modelo oito vitórias – sete nos primeiros onze GPs do ano – mais treze poles. O MP 4/4 foi, segundo ele, o melhor F1 que pilotou. O carro foi concebido por uma equipe liderada por Gordon Murray, vindo da Brabham, e Steve Nichols e embutia a ideia que Murray iniciou com o Brabham BT55, da temporada 86, apelidado de skate, tão baixo era em sua concepção total. No caso do Brabham, a ideia não deu certo por conta da arquitetura do motor BMW, mas se encaixou como uma luva no MP4/4.
O clima de harmonia ajuda a equipe, mas uma fechada selvagem de Senna em Prost no GP de Portugal prenuncia tempestade…
Nas fotos abaixo, Senna nos boxes em Jacarepaguá e à frente de Prost.
1989
A tempestade vem, muito forte, na temporada 89 e o campeonato vira uma guerra aberta, com Prost sempre no ataque, visando desestabilizar Senna, até o desfecho no Japão.
Senna vence três das quatro primeiras provas do ano e depois emenda quatro abandonos, permitindo a Prost abrir vinte pontos de vantagem na metade da temporada. Ele não perderia esta vantagem até o golpe baixo no Japão, que define o campeonato a seu favor, com a evidente ajuda de Jean-Marie Balestre, então presidente da FIA.
O modelo MP 4/5 (foto acima) não teve culpa na briga, ainda que não tenha sido tão dominante quanto seu antecessor. Criado por Neil Oatley (que lidera a equipe de projetistas da McLaren daqui em diante), venceu dez dos 16 GPs do ano e obteve 15 poles – seis e treze delas por conta de Senna. Era equipado com o motor Honda V12 aspirado – os turbo foram proibidos pelo regulamento da temporada – que se mostrou igualmente dominante.
Nas fotos abaixo, a freada em Imola que deu motivo à encrenca com Prost e visto do alto, em Mônaco.
1990
O ano da vingança de Senna sobre Prost, que trocara a McLaren pela Ferrari.
Correndo com Gehard Berger, o brasileiro pilota um modelo revisado do ano anterior, denominado MP4/5B (na foto acima, em Monza), que permite a ele marcar dez poles e repetir o número de vitórias de 89, três delas nas primeiras cinco corridas.
Nesta altura, Senna tinha mais do que o dobro de pontos de Prost. O problema é que o francês vence brilhantemente os três GPs seguintes e assume a liderança do campeonato. Senna reage e chega à penúltima corrida do ano, em Suzuka, nove pontos à frente. Segundos depois da largada, executaria friamente a sua vingança, acertando a traseira do Ferrari de Prost e conquistando da pior maneira possível seu segundo Mundial.
Senna não se inibiu em apontar os vários problemas do McLaren de 90, superados graças à elevada potência dos Honda, permitindo aplicar bastante asa no carro sem perda da velocidade final.
Na foto abaixo, Senna em sua bela disputa pela liderança com Jean Alesi, em Phoenix.
1991
Os meses de “férias” até o começa da temporada foram movimentados, com muita pressão de Balestre sobre Senna, a ponto de o brasileiro ameaçar desistir de correr.
Mas tudo se resolve e, em 10 de março, em Phoenix, nos Estados Unidos, ele vence o primeiro GP do ano, a bordo do MP4/6 (foto acima), que viria a se tornar o segundo melhor F1 que pilotou. Ele venceria também as três corridas seguintes, inclusive seu primeiro GP Brasil, em Interlagos.
O MP4/6 era visivelmente caudatário dos conceitos aerodinâmicos do Ferrari do ano anterior. Trazia um novo motor Honda V12, bem distinto do anterior, maior e mais pesado, demandando muita gasolina e óleo para percorrer um GP.
Deu trabalho juntar todas as pontas, inclusive porque a equipe empenhou-se totalmente em ganhar a temporada 90 e não teve como adiantar o desenvolvimento do modelo para 91.
Senna soma sete vitórias ao todo, mais cinco pódios. O campeonato que parecia fácil ganha emoção a partir da metade da temporada, quando a Williams acerta seu modelo FW14, equipado com motor Renault e Nigel Mansell passa a enfileirar vitórias. Seriam cinco até o final do ano, ante três de Senna, que precisa se desdobrar para manter a liderança até conquistar seu terceiro Mundial.
Nas fotos abaixo, Senna disputa posições com Prost e Mansell.
1992
A superioridade dos carros da Williams – cheios de sistemas eletrônicos – e de Mansell se torna incontornável e mesmo Senna tem de se render a ela. O inglês ganha nada menos do que oito dos dez primeiros GPs, liquidando matematicamente o Mundial no GP seguinte, na Hungria, vencido por Senna, apenas sua segunda vitória do ano.
O brasileiro disputa as duas primeiras provas do ano com o modelo MP4/6B e as demais com o MP4/7A. É o ano final da associação Honda-McLaren e a equipe estava visivelmente nos limites das suas forças, somando sete quebras mais dois acidentes, um nos treinos no México e outro na Austrália. Senna reclama bastante durante o ano na busca de alternativas, a ponto de testar o Penske PC21 com motor Chevrolet turbo de Fórmula Indy de Emerson Fittipaldi (foto abaixo).
Nas fotos abaixo, Senna segura Mansell em Mônaco e aparece lado a lado com Berger, no GP do Japão.
1993
Com saída da Honda, a McLaren se vê sem opção melhor que aceitar os motores Ford que equipavam os Benetton, que manteve a preferência pelas unidades mais desenvolvidas. Senna e Ron Dennis usam de todas as artimanhas possíveis para obter migalhas de vantagem, mas têm de se contentar com o que lhes dão.
Enquanto isso, a Williams traz Prost para o lugar de Mansell, que vai ser feliz na Fórmula Indy. O universo dá o Mundial como ganho pelo francês antes mesmo do campeonato começar, mas – surpresa! – Senna e o MP4/8 têm algo a dizer. Após as seis primeiras provas do ano, o brasileiro lidera, tendo vencido três GPs – Brasil, Mônaco e o para sempre inesquecível Donington (foto acima) –, além de terminar em 2º na África do Sul (na foto abaixo, perseguido por Prost e Schumacher) e Espanha.
Mas nem isso amolece o coração da Ford, de Flavio Briatore e de Michael Schumacher, e a Williams emendará sete vitórias seguidas, liquidando o Mundial. A Senna e à McLaren, restarão as duas vitórias nos GPs finais, Japão e Austrália. Ele termina o Mundial em 2º, sendo abraçado como campeão moral.
Nas fotos abaixo, Senna testa um motor Lamborghini, para uma eventual associação que nunca se realizou, e em sua última corrida pela McLaren, na Austrália.
1994
Senna moveu céus e terra para mudar para a Williams Renault em 94 e pilotar o “carro de outro planeta” criado por Patrick Head e Adrian Newey.
São três GPs, nos quais Senna marca a pole. Abandona nos dois primeiros e encontra seu trágico destino ao abrir a sexta volta da corrida em Imola.
Abraços aos leitores! Boas Festas, nos vemos em 2025.
Edu
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1 Comments
Edu
Clap
Clap
Clap !!!
Boas festas para vc tbm
Fernando Marques
Niterói RJ