“Se tudo parece sob controle, você não está dirigindo rápido o suficiente.”
Mário Andretti
Gosto muito dessa frase do Andretti, afinal a Fórmula 1 é uma corrida de velocidade, por isso nem é preciso dizer que os pilotos de lutam por recordes, principalmente no que diz respeito a volta mais rápida, a vencer, a enfim ser o melhor que o restante dos competidores.
São tantos os registros de marcas onde a velocidade e números sobre conquistas inundam nossa cabeça, que resolvi buscar fatos e curiosidades e recordes a avessa, e recordes pouco comentados, segue a coletânea, aviso, está aleatória
Não é apenas a pilotagem que exige pressa e rapidez, qualquer atraso desnecessário nos boxes pode roubar a liderança e até mesmo o melhor piloto no melhor carro pode ser prejudicado.
Na década de 1950, o tempo médio de pit stop era de 60 segundos. As equipes começaram a evoluir nesse quesito para tirar o máximo de tempo e não deixar seu piloto perder preciosos segundos, hoje vemos uma eficiência tal que um pit de 4 segundos é considerado ruim, o atual recorde mundial foi estabelecido em 2023 com impressionantes 1,82 segundos, recorde da McLaren no carro de Lando Norris no GP do Catar
A Red Bull tem sido uma protagonista nesse quesito de eficiência nos pits stops, tanto que da segunda até a quarta melhor marca a equipe taurina detém os números. A equipe é tão habilidosa que em 2019 realizou a troca de pneus em gravidade zero.
O Prêmio Pit Stop Mais Rápido começou em 2015. A Ferrari ganhou o maior número de prêmios de pit stops daquele ano e a Williams no seguinte. A Mercedes teve uma chance e venceu em 2017, mas desde então a Red Bull vem sendo consistentemente a equipe que mais ganha nesse quesito.
Pode parecer que é apenas um jogo de pneus novos, mas é preciso uma organização e precisão excepcionais, e as equipes merecem reconhecimento por esse trabalho.
Falando em velocidade, Kevin Magnussen detém o recorde de velocidade mais rápida em uma sessão de qualificação, atingindo 351,64 km por hora em 2022. Em uma corrida de Fórmula 1, Valtteri Bottas detém o recorde de 2016, quando a FIA registrou oficialmente a velocidade de 372,4 km por hora.
A Honda ainda detém o recorde de velocidade mais rápida de todos os tempos em um carro de Fórmula 1, mas isso não foi em uma corrida, usaram uma pista de sal no deserto de Utah. Ao tentar quebrar a barreira dos 400 quilômetros por hora, o piloto percorreu 397.360 quilômetros por hora, o piloto que conseguiu isso em 2006 foi ninguém menos que Alan van der Merwe, que era piloto do carro médico da Fórmula 1.
Quanto à corrida geral mais rápida, esta marca é de Michael Schumacher. No Grande Prêmio da Itália de 2003, Schumacher completou a corrida em 1 hora, 14 minutos e 19,838 segundos. Isso deu a Schumacher uma velocidade média de 247,58 km por hora.
Esta é uma grande diferença quando comparada ao oposto que é considerado o recorde mais bizarro da categoria, aconteceu no GP do Canada de 1969, nessa corrida a velocidade média de Al Pease, piloto canadense que participou apenas de 2 GPs no Canada em 1968 e 1969, na edição de 1969 ele estava andando a cerca de 69,20 km por hora de média, depois de muitas reclamações ele foi desclassificado por dirigir muito devagar, até hoje essa marca é a menor velocidade média registrada na Fórmula 1
Luca Badoer disputou 58 corridas entre 1993 e 2010 e largou em 50 delas, mas durante toda a sua carreira não marcou um único ponto. Ele é considerado o piloto mais habilidoso a nunca ganhar um ponto no Campeonato Mundial.
Isso deve doer, sem dúvida, mas ele não é o único. Dave Walker correu pela Lotus em 1972 e não marcou nenhum ponto, e ainda por cima viu, seu companheiro, Emerson Fittipaldi, vencer 5 GPs e se sagrar campeão mundial naquele ano.
Sebastian Vettel é considerado um dos melhores pilotos de Fórmula 1. Entre 2007 e 2022, Vettel participou de 299 corridas e fez 122 pódios com um total de 3.098 pontos. Ele ganhou 4 campeonatos mundiais consecutivos de 2010 a 2013.
A primeira vitória fez dele o mais jovem da época, aos 23 anos. Ele também detém o recorde de maior número de pole positions em uma temporada, largando em primeiro 15 das 19 corridas.
Há um recorde que Vettel provavelmente preferiria esquecer: em sua corrida de estreia após sair da garagem, Vettel acelerou no pit lane e recebeu uma penalidade, conquistando o recorde de penalidade mais rápida, ele andou por apenas 6 segundos de percurso e foi punido por exceder a velocidade limite no pit lane.
A Fórmula 1 tem uma ampla faixa etária quando se trata de competidores, mais do que a maioria dos esportes. Max Verstappen foi o piloto mais jovem a competir num Grande Prémio, aos 17 anos e 166 dias. Então, 14 dias depois, ele se tornou o piloto mais jovem a marcar pontos. O piloto mais velho a marcar pontos foi Philippe Étancelin, aos 53 anos e 259 dias, no Grande Prêmio da Itália de 1950.
Devido à melhoria da segurança na Fórmula 1, é comum ver a carreira de um piloto durar anos. No início da Fórmula 1, apenas 11 pilotos que iniciaram suas carreiras na década de 50 correram por mais de uma década.
Graham Hill foi dessa época e é uma raridade, pois permanece entre os dez pilotos com as carreiras mais longas da história. Começando na década de 50, a carreira de Hill durou 16 anos, 8 meses e 8 dias. Michael Schumacher teve a carreira mais longa de 21 anos e 3 meses até Fernando Alonso comemorar 22 anos como piloto de Fórmula 1, e ele avisa que ainda não está pronto para se aposentar.
Por outro lado, a carreira mais curta não foi apenas de uma temporada ou mesmo uma única corrida. Marco Apicella estava correndo em seu país natal, a Itália em 1993. Na primeira curva da primeira volta, houve uma colisão entre vários carros e Apicella foi forçado a abandonar a corrida. Sua carreira na Fórmula 1 durou meros 800 metros.
Muitos consideram Apicella a carreira mais curta. Este título, porém, pertence ao alemão Ernst Loof, ele em 1953 se classificou para o GP da Alemanha, seu país natal
No Grande Prêmio, Loof, conseguiu andar apenas 2 metros após a largada, simplesmente seu carro deu apenas um pulo e parou, a bomba de combustível havia quebrado, essa é a menor distância percorrida registrada em corridas oficiais.
Pérolas soltas, pistas afora, umas muito boas dos anos 50
Stirling Moss venceu 16 Grandes Prêmios, mas nunca conquistou um campeonato mundial, já Nico Hulkenberg disputou 209 corridas, mas nunca subiu ao pódio. A equipe Arrows/Footwork participou de 382 corridas e nunca venceu. Andrea de Cesaris detém o recorde de maior número de largadas sem vencer, participando de 208 corridas, o italiano Claudio Langes tem o recorde de 14 tentativas de qualificação e nunca sequer chegou a participar do grid oficial!
Hoje em dia com tantos e tantos pilotos que marcaram a história da Fórmula 1 é uma tarefa muito difícil apontar apenas um piloto como o melhor. Existiram casos em que pilotos tiveram suas vidas foram interrompidas antes que pudessem atingir o seu potencial, as pistas mudaram e os carros melhoraram enormemente, principalmente nos quesitos segurança e confiabilidade.
Na década de 1950, Juan Manuel Fangio venceu 5 campeonatos e foi vice 2 vezes, imagine o que ele poderia ter feito se tivesse a mão as Red Bull do campeão Max Verstappen.
Existem muitos fatores para nomear o melhor piloto. No entanto, aconteceram definitivamente conquistas notáveis, mas podemos apontar algumas perolas
Sobre Fangio seguem algumas
Na sua participação no GP da Espanha de 1951 na conquista de seu primeiro título mundial, ele declarou: “Eu tinha o hábito de cantarolar e de mascar chiclete durante uma corrida. Dessa vez cuspi meu chiclete e comecei a orar em silêncio. Minha oração foi atendida”
Em outra ocasião, quando ele estava no hospital se recuperando do grave acidente que sofreu em Monza 1952: “Quando recuperei a consciência, Farina estava ao lado da minha cama, segurando uma coroa de louros. Achei que ele também devia estar morto! Por fim comecei a perceber que eu ainda estava vivo e ele me falou que havia vencido a corrida e trouxe os louros para mim como uma forma de homenagem.”
Mike Hawthorn protagonizou junto com Fangio um grande duelo no GP da França de 1953, sobre aquela corrida Mike falou: “Íamos acelerando o máximo pela reta, lado a lado, absolutamente agachados, sorrindo um para o outro, eu agachava na cabine, tentando economizar cada grama de resistência ao vento. Estávamos a apenas alguns centímetros de distância e eu podia ver claramente o contador de rotações na cabine do carro de Fangio”. – Uma corrida que Hawthorn venceu por apenas um segundo de vantagem
No GP da Itália em 1956 graças ao ato generoso de Peter Collins Fangio pode conquistar o seu quarto título, sobre aquela corrida ambos deram as seguintes declarações
Fangio: “Minha ansiedade e medo deram lugar à alegria, tanto que joguei meus braços em volta dele, beijei-o e entrei em seu carro” – Fangio falou depois que Peter Collins generosamente entregou seu carro, Fangio terminou em segundo e conquistou o campeonato mundial pela quarta vez
Por outro lado, Peter Collins explicando seu gesto no Grande Prêmio da Itália de 1956
Collins falou: “Tudo o que conseguia pensar era que se ganhasse a corrida e o campeonato me tornaria uma celebridade instantânea. Eu teria uma nova posição para levar a vida. As pessoas me fariam exigências. Seria esperado que eu sempre agisse como “o campeão”. Só que para mim apenas pilotar seria mais divertido. Eu queria que as coisas continuassem como estavam, então entreguei meu carro para Fangio”
Atualmente algumas pérolas que ilustram fatos digamos, diferentes
Fernando Alonso detém o recorde de maior número de participação em corridas, com 384, e ganhou o título do Campeonato Mundial duas vezes.
Lewis Hamilton largou em 338 corridas e levou para casa o campeonato com sucesso sete vezes.
Michael Schumacher também tem 7 títulos de campeonato, mas conseguiu isso com apenas 306 participações.
Hamilton venceu 103 Grandes Prêmios e Schumacher 91.
Por outro lado, Hamilton teve 104 pole positions e Schumacher apenas 68.
Schumacher manteve seu título de campeão por surpreendentes 1.813 dias, até hoje é o campeão que manteve o título pelo maior período de tempo, até que um jovem Fernando Alonso o tirou dele em 2005.
O debate sobre o melhor piloto pode não será resolvido tão cedo, mas este bizarro recorde final será difícil de bater, no Grande Prêmio de Mônaco de 1996, 85,7% dos carros abandonaram. Em uma corrida bastante incomum, foram apenas três os pilotos que terminaram , evidente todos subiram ao pódio, eram Olivier Panis, David Coulthard e Jonny Herbert.
Por hoje a lista de curiosidades fica por aqui, e você caro leitor(a) tem algum fato que gostaria de falar? escreve nos comentários
Em breve volto com mais pérolas, anos 60 e 70
Até a próxima
Mário Salustiano
2 Comments
Amigo Mario,
que beleza de coluna … Clap!!! … Clap!!! … Clap!!!
Recordes existem para serem batidos …
O que acho interessante nisso tudo é que a evolução tecnológica sempre presente na Formula 1, a partir dos anos 2000 abreviaram o tempo dos recordes para serem quebrados.
Exemplo máximo os 5 titulos do Fangio (todos nos anos 50) que só foi superado pelo Schumacher em 2004 … e em 2020 Hamilton (menos da metade do tempo) igualou …
Show … e vamos a parte dois …
Fernando Marques
Niterói RJ
Muito bom! Obrigado pelas curiosidades!