Os Grandes Titãs da Fórmula 1 – Anos 80 – parte 2

Continuamos a nossa resenha em apontar os grandes Titãs da Fórmula 1, dando sequência depois de abordar a década de 50, a década de 60   e a  década de 70 , vamos para os anos 80.

A década de 80 ficou marcada pela consolidação de conceitos técnicos aerodinâmicos e pela supremacia dos motores turbos, que finalmente atingem a confiabilidade necessária para se impor

Leia sobre os Titãs pilotos anos 80 na coluna: Pilotos Titãs anos 80

Continuando a nossa lista dos Titãs, vamos aos carros e projetistas que marcaram os anos 80

Projetistas

1.John Barnard

Responsável pela introdução do câmbio semiautomático com borboletas no volante, conceito aerodinâmico que ficou conhecido como “Coca-Cola” e pelos chassis de fibra de carbono

Ele entrou na F1 pela McLaren em 1972, foi assistente técnico de Gordon Coppuck, que projetou na M23, ficou 3 anos deixando a McLaren para seguir carreira nos EUA sendo responsável por diversos projetos na CART americana, tendo o seu auge ao projetar o Chaparral 2K, que venceu a Indy 500 de 1980 e levou Johnny Rutherford a se sagrar campeão da CART naquele ano

Isso chamou a atenção de Ron Dennis, o novo proprietário da McLaren que o convidou a retornar a equipe como projetista-chefe

Barnard concebe o MP/4 e o desafio era encontar um fabricante que pudesse realizar a proeza de fazer um chassi em fibra de carbono, como essa tecnologia ainda era muito difícil de se fazer na Europa, ele encontrou nos EUA a empresa Hercules que foi indicada pelo seu novo assistente, Steve Nichols, que havia trabalhado com o fabricante americano

A temporada de 1980 não trouxe vitórias a McLaren, entretanto um acidente em Monza na temporada de 1981 com o piloto John Watson comprovou que a fibra de carbono era uma revolução em termos de rigidez, leveza e segurança, quando o carro de Watson se partiu ao meio e o piloto saiu ileso do acidente, isso fez todos os demais times da F1 entendessem que aquele era o caminho do futuro e copiaram a McLaren e em menos de 3 anos todo o grid seria formado por chassis desse material, além de Watson o segundo piloto do time o italiano Andrea de Cesaris se envolveu em tantos acidentes nesses anos, que a piada que rodeava o circo é a de que de Cesaris na verdade era um piloto de testes para bater e comprovar a segurança da fibra de carbono

Em 1983 Barnard continua trabalhando na evolução do MP4 e o concebe no formato que ficou conhecido como “Coca-Cola”, um formato de incluiu o estreitamento da traseira e introdução de sidepods, ainda visto nos carros atuais.

Barnard ficou na McLaren entre 1980 até 1986, em seus anos a equipe retomou o caminho das vitórias e títulos, tendo ganho 31 corridas e 3 títulos de pilotos com Niki Lauda e Alain Prost

Ele se transfere para a Ferrari e lá promove várias mudanças, a principal foi a abertura de um escritório de engenharia na Inglaterra, algo impensável para os italianos, e começa a trabalhar no projeto dos carros, quando é anunciado que para a temporada de 1989 o modelo 640 com uma inovação, caixa de câmbio semiautomática, acionada por borboletas no volante, muitos apostavam no fracasso desse modelo tendo vista a fragilidade apresentada nos primeiros testes, o novo piloto do time o inglês Nigel Mansell vence a prova de abertura do campeonato no Brasil com esse modelo mostra que a inovação não era brincadeira, até o ano de 1993 todos os times do grid acabaram se rendendo e adotando essa inovação em seus carros

2.Gordon Murray

O sul africano Murray muda para a Inglaterra em 1969 com a ideia na cabeça de trabalhar para a equipe Lotus e aprender com Colin Chapman os segredos de seus projetos, só que seu plano é frustrado ao não ser atendido por Chapman, ele acaba sendo descoberto por Ron Tauranac, então projetista e sócio de Jack Brabham, que o contrata para ser seu assistente, com a venda da Brabham para Bernie Ecclastone, Murray é promvido a projetista chefe da equipe, é de sua autoria a partir daí os Brabham BT45, que se mostra competitivo, e o polemico BT46 Fan car dotado de um exaustor na traseira

Em 1978 o piloto Nelson Piquet se junta ao time inglês e ele e Murray acabam se tornando uma dupla muito afinada, em 1981 e 1983 Piquet conquista os campeonatos com carros projetados por Murray, além disso a dupla é responsável por trazer de volta o conceito de reabastecimento de troca de pneus nas corridas

Em 1985 Murray está convencido que no aspecto aerodinâmico os carros precisam ter um perfil mais baixo que ficou conhecido como Lowline e projeta o modelo BT55, só que a Brabham usava motores BMW que tinham o inconveniente de terem perfil alto e na Brabham esse conceito não deu certo, ao final de 1985 Murray deixa a Brabham com 22 vitórias e dois campeonatos de pilotos no curriculo

Em 1986 Murray muda para McLaren para substituir Barnard e lá consegue influenciar o time de projetista a adotar esse conceito, nasce o modelo MP4/4, que nas mãos de Ayrton Senna e Alain Prost vence 15 das 16 corridas da temporada de 1988

Ele também influencia os projetos do modelo MP4/5 vencedor da temporada de 1989

Em 1991 Murray é transferido para chefiar o departamento de supercarros da McLaren, que fabrica carros de rua, ele fica no time até 2004

3.Steve Nichols

Quando se formou em 1972 o americano Steve Nichols conseguiu seu primeiro emprego na fabricante de materiais espaciais Hercules no cargo de engenheiro de desenvolvimento

Com paixão pelo automobilismo ele conhece Gordon Coppuck e o ajuda em seus projetos, acaba participando da concepção do modelo M23 e de alguns carros da Indy no campeonato da CART

Sua entrada definitiva na F1 acaba acontecendo em meados de 1980 quando John Barnard o recruta para trabalhar com ele na McLaren

Com a saída de Barnard ele assume o posto de projetista chefe e é de sua autoria o modelo MP4/3 que levou Prost a bater o recorde de vitórias de Jackie Stewart em 1987

Seu segundo projeto na McLaren o modelo M4/4 é até os dias de hoje objeto de polemica e troca de acusações entre ele e Gordon Murray, ambos alegam serem o “pai” da criança, não dando o devido crédito entre eles do grau de influência que exerceram na concepção desse carro.

Na foto Senna deve estar pensando “quando esses dois vão se entender quem é o pai do carro”

Por conta dessa polemica, quando Prost anunciou que mudaria para a Ferrari em 1989, Nichols resolveu seguir o piloto e mudou para Maranello

Juntos eles formaram uma dupla competitiva e Prost disputou o título contra Senna

Na saída de Prost da Ferrari em 1991 o americano se viu sem clima e deixou Maranello, ele voltaria a McLaren anos depois e seria responsável pelos projetos vitoriosos de 1998 e 1999

4.Patrick Head

A influência paterna foi o elemento decisivo para trazer Head para o automobilismo, seu pai Michael Head competia na década de 50 com carros da Jaguar em corridas de carros esportivos

Tendo se formado engenheiro no início dos anos 70, Head consegue um emprego na Lola Cars para trabalhar na fábrica de chassis, ele conhece e estabelece amizade com John Barnard que o ajuda a chegar na f1 o apresentando a diversas equipes, tendo Head se juntado de cara a Frank Williams, eles juntos entre os anos de 1975 até 1977 amargam anos difíceis, em 1977 eles estabelecem a Williams Grand Prix Engineering, como sócios, tendo Head 30% de participação

Superando a fase mais difícil ele projeta o modelo FW07 que traz a primeira vitória a equipe e vence em 1980 os títulos de piloto e construtores para a Williams, a partir de 1981 Head assume o posto de diretor técnico e traz Frank Dernie para ser o principal projetista da equipe, Head continua influenciando os projetos e a Williams nos anos 80 vai conquistar além de 1980 os títulos de pilotos de 1982, 1987

Carros

1.McLaren MP4/4

Projetado pela dupla Steve Nichols e Gordon Murray, esse carro tem uma marca até os dias de hoje de domínio jamais vistos até aqui, tendo vencido 15 das 16 provas do campeonato de 1988 com a dupla Senna e Prost

Com esse carro teve início a parceria vitoriosa entre McLaren e Honda, que passou a fornecer seus motores ao time inglês, entre 1988 até 1992 juntos conquistaram 4 titulos de pilotos e 44 vitórias

Esse modelo foi concebido no conceito lowline, com os pilotos numa posição mais rebaixada que o habitual, com tanques de combustível menores devido a restrição do regulamento em o máximo de 150 litros de gasolina para carros com motores turbo e o chassi de fibra de carbono

O MP4/4 foi eleito anos depois como o melhor carro da Fórmula 1 moderna por um júri composto por projetistas e designers de carros de corrida, eleição ratificada pela revista Autosport em enquete feita com leitores

2.Ferrari 126 C2

Modelo projetado por Harvey Postlethwaite foi uma evolução do modelo 126 CK usado em 1981, primeiro carro com motor turbo da equipe italiana, o 126 C2 foi concebido em chassi totalmente monochoque, acreditem, o primeiro que os italianos finalmente cederam em projetar com esse chassi, isso com 20 anos de atraso em relação as equipes britânicas

Esse carro nasceu vencedor, pena que o ano de 1982 ficou marcado na equipe Ferrari pelos sombrios acidentes de Gilles Villeneuve na Belgica, onde o canadense morreu, e o acidente de Didier Pironi na Alemanha que resultou no fim de sua carreira na Fórmula 1

Mesmo assim a Ferrari foi campeã dos construtores e Pironi tendo disputado apenas 11 das 16 provas da temporada finalizou o ano como vice-campeão

3.Brabham BT 52-BMW

Ao final da temporada de 1982 a FIA baniu o efeito solo dos carros, a Brabham estava com 3 modelos BT 51 prontos para disputar a temporada de 1983, eles foram descartados e fazem parte de museus, as pressas Murray projetou o modelo BT52, e ele arriscou, projetando um carro com sidepods curtos e com angulações acentuadas para manter o arrasto o mínimo possível, outro ponto foi a colocação de 70% do peso do carro na traseira para que a tração fosse mais acentuada, afinal esse carro era movido por um poderoso motor turbo BMW que podia gerar até cerca de 1.000 CVs, a transferência de potência era brutal nesse modelo

Os pilotos da Brabham naquele ano, Piquet e Patrese, conquistaram 4 vitórias e Piquet se sagrou bicampeão, derrotando Alain Prost e a favorita Renault, se tornando o primeiro piloto da Fórmula 1 moderna a se sagrar campeão com um carro movido a motor turbo

4.Williams FW 11B

Projetado por Frank Dernie esse modelo foi a evolução do FW10, que havia sido o primeiro Williams com motor turbo fornecido pela Honda, a combinação de um motor potente e confiável uma bela inovada na aerodinâmica do modelo anterior e a chegada de Nelson Piquet no time Williams previa uma temporada de domínio por parte dos ingleses, pena que Frank Williams se acidentou e ficou ausente quase que todo o ano de 1986, o time ficou dividido entre Piquet e Mansell, o que fez o time inglês perder o titulo de pilotos para Alain Prost

Em 1987 Piquet foi sagaz e derrotou Mansell, conquistando seu tricampeonato, nas duas temporadas o FW 11B conquistou 18 vitórias, um modelo vencedor que poderia ter marcado um período de domínio mais amplo por parte da equipe Williams.

Com essa segunda parte concluímos a relação dos Titãs dos anos 80

Em nosso próximo encontro vamos elencar os Titãs da década de 90

Até lá

Mário